Trilha 01 — Algoritmos Invisíveis
Bolhas sociais, discurso de ódio online e responsabilidade na rede

Primeiro de tudo: O que são algoritmos?

Algoritmos são uma série de instruções para alcançar um objetivo. Simples, fácil e prático assim!

Se pensarmos no que fazemos diariamente, vamos perceber que seguimos uma série de passos a fim de completar pequenas atividades ao longo do dia. E esse é um ótimo exemplo do que são algoritmos. Pensa aqui comigo: O que você precisa fazer para chegar no trabalho pela manhã?

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A verdade é que nós estamos acostumados a seguir algoritmos todos os dias, só que quando falamos de computadores e tecnologia da informação eles são construídos em um formato diferente e bem mais rígido do que o nosso fluxograma para chegar ao trabalho.

Beleza! Agora que já sabemos o que são algoritmos por definição e já conseguimos pensar em exemplos reais na nossa vida, vamos entender como exatamente isso acontece na Internet.

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O que os algoritmos fazem na Internet?

TUDO! T-U-D-O!

Os algoritmos na Internet, principalmente nas redes sociais, trabalham basicamente para nos fornecer acesso, fazendo nossa autenticação, organizando o que vemos no feed de notícias e nos possibilitando a interação com outras pessoas através de curtidas, comentários, postagens…

Muitas vezes eles precisam de dados de entrada, no caso, para fazer login em redes como Twitter, Instagram e Facebook você precisa informar o seu nome de usuário e a sua senha para que o algoritmo de autenticação seja capaz de verificar se você é mesmo a pessoa dona daquele perfil.

A partir do momento que você entra na rede social tudo aquilo que você faz é vinculado a sua conta. As curtidas, os stories, as fotos postadas, os comentários… tudo.

E é assim, através desses novos dados, que um outro algoritmo vai aprendendo as suas preferências na rede. Ele presume pelas suas curtidas e buscas quais são as postagens que você quer ver e organiza o seu feed a partir disso, e é nesse momento que vai sendo construída a sua bolha social.

Só que estar cercado de postagens que satisfazem a nossa bolha social nos leva a uma experiência que exclui as opiniões divergentes da nossa e isso pode passar a sensação de que estamos sempre certos e que só existe uma única forma de enxergar o mundo.

Nessa situação vamos ver que na nossa bolha será inadmissível fazer piada com a orientação sexual das pessoas, mas na bolha daquele nosso tio o preconceito e o machismo correm soltos. Ou seja, em uma mesma rede social existem públicos separados em grupos, e esses grupos possuem visões de mundo e opiniões, por vezes, extremamente diferentes e incapazes de dialogar entre si.

E à medida que esse cenário se aprofunda na intolerância se torna um ambiente favorável para comportamentos cada vez mais ofensivos chegando ao que chamamos de discurso de ódio.

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Discurso de Ódio Online

Discurso de Ódio (DO) é o discurso que visa desqualificar e inferiorizar uma pessoa ou um grupo de pessoas com base em características que as façam pertencentes a um grupo social como etnia, gênero, condição social, orientação sexual e religião. Incitando a exclusão, defendendo o ódio, a violência ou a discriminação daquela pessoa ou grupo.

Esse é um vídeo que exemplifica bem os problemas e desafios relacionados ao DO na Internet. Faz parte do Movimento Contra o Discurso de Ódio desenvolvido pelo Setor de Juventude do Conselho da Europa.

Existe um grande desafio em separar DO de mensagens ofensivas direcionadas a uma pessoa em específico e que nesse caso podem ser classificadas como calúnia e difamação. Existe um infográfico muito didático da SaferNet sobre o assunto.

Um outro grande desafio do enfrentamento desse tipo de discurso na rede é que muitas vezes ele não é facilmente identificado diante das relações interpessoais, ironia e sarcasmo.

O discurso de ódio online, além de ofender um grupo de pessoas diretamente, age naturalizando a violência contra essas pessoas tornando-se um possível incentivo a crimes de ódio. É importante cada vez mais levantar essa discussão para que possamos entender como agir, quais são os canais oficiais para denúncia e qual é a responsabilidade das grandes empresas de tecnologia.

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Compartilhei! E agora?

Dadas as devidas definições agora é hora de pensar e repensar as nossas práticas quando estamos utilizando as redes sociais. Antes de curtir, compartilhar, responder e postar é preciso ponderar sobre algumas questões:

1 - Você pode estar dando atenção ao hater

Hater é aquele perfil que faz postagens ou comentários cheios de ódio, intolerância ou discriminação. Logo, “alimentar os haters” pode não ser uma boa estratégia visto que o objetivo desses perfis, muitas vezes, é apenas causar mal-estar e chamar atenção, sem nenhuma possibilidade real de diálogo.

2 - Tenham empatia com a vítima

Ao compartilhar um relato de discriminação você deve considerar também a exibição que pode gerar na vida da pessoa que sofreu o ato, pois dependendo da repercussão a vítima pode ter que reviver aquela situação e isso pode ser doloroso.

3 - Procure os meios oficiais de denúncia

Ao compartilhar o perfil de alguém que emitiu o DO é preciso ter cuidado pois naquele momento a pessoa está sendo exposta e isso pode trazer consequências impensáveis para a vida dela. É importante combater o DO e denunciar, mas é preciso ter cautela também e procurar os meios oficiais de fazer isso para evitar incitar qualquer tipo de comportamento agressivo.

4 - Cuidado com os algoritmos de recomendação e com o impulsionamento

Conforme já conversamos aqui, à medida que interagimos com determinados conteúdos, mais daquele conteúdo será divulgado para nós, e se isso acontecer via anúncio, por exemplo, é possível que os responsáveis pela divulgação estejam lucrando a cada clique no respectivo material.

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De quem é a responsabilidade?

Algoritmos são construídos por pessoas, essas pessoas trabalham em empresas e essas empresas tem seus próprios objetivos, princípios, metodologias e meta$$.

A questão é que quanto menos transparência nas tecnologias menos poder de ação nós temos sobre esse cenário e sobre como ele interfere na nossa vida. Por outro lado, quando temos mais transparência sobre os “algoritmos invisíveis” temos mais autonomia crítica para levantar questões sobre como a operação desses algoritmos pode estar corroborando para a perpetuação de práticas discriminatórias, desrespeitosas, irresponsáveis e perversas.

Precisamos de mais transparência para que com mais conhecimentos possamos debater de forma profunda os impactos de práticas e tecnologias para além da Internet. E, assim, endereçar as falhas, correções e melhorias aos respectivos responsáveis, desde a não propagação de conteúdo indevido até a garantia da diversidade nos ambientes de construção desses algoritmos.

É isso! Vamos para a próxima Trilha!


Referências

Para Saber Mais

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